China Radio International
(GMT+08:00) 2006-04-27 09:38:36    
Belo Lago Lugu

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No sudoeste da China, na fronteira entre as províncias de Yun'nan e Sichuan, existe um belo lago de água doce: Lago Lugu. À beira do lago, vive uma sociedade muito especial, dos Mosuos. Os mais de cinqüenta mil habitantes preservam seu tradicional modo de viver em sociedade matriarcal.

Num dia do mês de abril, começamos nossa viagem pelo lago. Os Mosuos fazem parte do grupo da etnia Naxi, uma das 55 do país. A região sofreu influências da cultura tibetana. Devido ao difícil acesso, durante muitos anos, os Mosuos ficaram isolados. Agora, graças à construção de estradas, eles começaram a ser conhecidos. A bela guia Xinxin da etnia Mosuo nos dirigiu ao lago. Ela disse que circula na região um dito: os Mosuos sabem cantar desde que aprenderam a falar e sabem dançar desde que começaram a andar. Ela contou a "canção amorosa de Hualou", cuja letra diz:

"Meu querido, a Lua ainda não se pôs, porque a pressa de ir embora?O forno dá um calor agradável. Eu sou tão doce".

Hualou é residência das moças Mosuos. Na sua tradição matrimonial, o homem e a mulher não contraem casamento como na sociedade moderna, mas sim, o homem dirige-se à noite à casa da mulher e fica com ela até o amanhecer, então ele volta à casa da mãe. Os homens Mosuos cuidam dos filhos das irmãs enquanto os seus próprios filhos são cuidados pelos tios. Esta forma de união pode durar muitos anos, mas às vezes, dura apenas alguns dias. Logo que uma parte não quiser continuar, a união termina. Geralmente, a união não é estável entre dois jovens, mas quando alcançar a idade madura, a união pode estabilizar.

Finalmente, o Lago Lugu está diante de nós. Visto no cume da montanha, o lago parece uma moçinha tranqüila deitada no colo da montanha. Pequenas ilhas pontilham e barcos navegam.

Xinxin nos informou que à volta do lago, estão vivendo mais de dez aldeias dos Mosuos. O que vamos visitar é a aldeia Lige, situada numa península. Poucos turistas chegaram aqui. É provavelmente a aldeia mais primitiva dos Mosuos.

As habitações são de madeira, com pátios quadrangulares. No centro da casa, tem um fogão aceso durante todo o ano. Dizem que só com o fogo, a família prospera. Portanto, o fogo não pode apagar. Se isso acontecer, a família decai, segundo a lenda. Costumamos colocar comida ao lado do fogão, em oferenda aos antepassados. Realizam uma cerimônia quando o menino ou a menina completa 13 anos de idade. A partir daí, o menino começou a vestir bota de couro e uma fita vermelha de seda na cintura enquanto a menina usa um ornamento de cabeça deixado pelos antepassados e veste uma saia com falda plissada.

Os Mosuos professam o budismo tibetano e em todas as casas, tem um quarto reservado para prestar homenagens ao Buda. A residência que nós visitamos tem uma construção de dois andares só para a veneração. É em minha opinião, a parte mais bonita da casa. No lado oposto às salas para reza, está Hualou com dois andares também. As pessoas moram no segundo andar e criam aves domésticas no primeiro andar. Como Hualou (residência das moças) não pode ser visitada por pessoas de fora, só conhecemos a Hualou através do relato da garota da etnia Mosuo:

"Quando a moça completa 13 anos, a mãe desocupa um quarto para ela, arruma o quarto com uma bela decoração e coloca uma cama para ela poder receber o moço. No quarto ainda tem um pequeno forno. Quando faz muito frio no inverno, a moçinha fica sentada ao lado do forno para esquentar-se enquanto prepara água quente. Quando o moço chegar, a menina oferece chá quente para ele".

Os Mosuos tem sua própria língua falada, mas não tem escrita. Para preservar a tradição cultural, ensinam nas escolas o chinês e a língua Mosuo. O funcionário do governo provincial de Yun'nan, Ma Chengjie nos falou que os Mosuos aprendem e aceitam rapidamente as coisas novas e tem vontade de imitar. Porém, neste processo, vem perdendo a própria identidade. Isto é um problema. A saída está na educação, sensibilizando a população sobre o benefício que o próprio costume e cultura podem gerar. Por outro lado, é preciso conscientizá-los do orgulho que é ser um Mosuo. Quando os habitantes sabem valorizar a sua própria identidade, eles jamais a perderam.