China Radio International
(GMT+08:00) 2006-03-15 10:01:21    
Yang e seus arcos manchús

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Caro ouvinte, os manchús são uma das principais minorias étnicas do nordeste da China. Ao longo da história chinesa, essa etnia conquistou a fama de "habilidosos cavaleiros e arqueiros". Não por coincidência, portanto, acumularam excelentes técnicas de produção de arcos. Infelizmente, a par com o desenvolvimento e evolução social, os artesões estão desaparecendo. No programa de hoje vamos conhecer um deles.

No Distrito de Chaoyang, leste de Beijing existe uma loja de arcos chamada "Ju Yuan". Ao entrar na oficina, vêem-se armazenados montes de matérias-primas, e, pendurados na parede, pequenos e grandes arcos. Um homem, de média idade e barbado, confecciona um arco. Ele é o dono da loja e protagonista do programa de hoje: Yang Fuxi.

Conforme Yang há mais de um século, em Beijing, havia uma zona que concentrava lojas especializadas. A "Ju Yuan" era uma delas. Os arcos de "Ju Yuan" são produzidos a partir de chifre de búfalo, bambu, tendões de vaca e são colados por um colar refinado de pele de porco cozida. Naquela época, os manchús que viviam em Beijing freqüentavam a zona de arcos.

Depois de um século, a "Ju Yuan" tornou-se a única loja a sobreviver às mudanças sociais.

Quando estudante, Yang começou a gostar do processamento de fazer arcos.

"Aos 14 ou 15 anos, comecei a gostar desses trabalhos".

Entretanto, por várias razões, Yang não se tornou diretamente o herdeiro dessa loja. Ele trabalhou como operário na fábrica e, posteriormente, taxista. Até 1998, as condições de saúde do pai de Yang pioraram, levando Yang a tomar uma decisão: se não começasse a aprender as técnicas do pai, a tradição de arcos dos manchús seriam perdidas. Então, Yang desistiu o trabalho de taxista, e iniciou uma nova vida.

Em princípio, ele se deparou com a oposição de sua esposa Tian. Ela afirmou:

"Eu não gostava da idéia de vê-lo abandonar a profissão. A loja não andava bem. Eu tinha que sustentar as despesas de casa. Investimos tudo aqui", lembra.

Tian, no entanto, passou a cuidar do fluxo de matérias-primas. O bambu é fácil de ser encontrado no mercado de Beijing, entretanto, os chifres e tendões de búfalo são raros, além das penas de aves para confeccionar as flechas. Para garantir o fornecimento, ela até viajou para outras cidades atrás de fornecedores.

Graças ao ensino do pai, Yang dominou rapidamente as técnicas de produção. Seus arcos custam entre cem e duzentos de RMB. Os de alta qualidade podem ser vendidos por até dez vezes mais. Mas, o preço não reflete a arte empregada. Segundo Yang, é um trabalho muito demorado. Um lote de dez arcos pode consumir até quatro meses de trabalho. Desde 1998, produziu apenas duzentas unidades.

Devido às características distintas dessas técnicas tradicionais, os arcos de Yang ainda atraíram muitos colecionadores de lanças. Seu trabalho também gera debates sobre as técnicas de produção com o dono da Loja. Mas, sobretudo, os clientes são atraídos pela cultura dos manchús.

Bai Kewei, da etnia mongol, coletou alguns arcos de Yang. Segundo ele, como os manchús, os mongóis também vivem no norte do País, assim como eram excelentes caçadores e cavaleiros. Mas agora, poucos mongóis dominam essas técnicas.

"As técnicas de Yang são muito tradicionais. É bom que ele recupere e preserve essas técnicas".

Embora muitas pessoas mostrem interesses sobre seus arcos, Yang está escolhendo cuidadosamente seu herdeiro. Segundo ele, o pré-requisito é reconhecer a cultura e a arte contidas nessas técnicas, ao invés de tratá-las como um meio de subsistência. Yang tem um filho de 18 anos. Neste ano, ele vai prestar o vestibular. Ele não manifestou formalmente sua vontade de herdar as técnicas, e nem Yang o obrigará a aprendê-la. Ele deseja apenas que o filho tome sua própria decisão.

"Acredito que vou encontrar a pessoa certa. Tenho apenas um pouco mais de quarenta anos de idade, ainda tenho muito tempo para esperar."

Os arcos manchús foram inclusos na Lista de Proposta de Patrimônios Mundiais Intangíveis, a ser entregue à Unesco. Além disso, o Instituto de Artes da China convidou Yang a ser pesquisador, concedendo-lhe oportunidades de exibir suas técnicas e melhores condições de produção. Segundo Yang, ele ainda vai documentar as técnicas por escrito e em audiovisuais, a fim de preservá-las.