Segundo especialistas, a área de penetração da maré salgada tem a ver com o volume do fluxo de água no curso superior e com a força da maré no estuário do curso inferior. Quando as marés estão relativamente estáveis e regulares, tanto suas atividades quanto a densidade de suas influências estão sujeitas às mudanças no fluxo do rio no seu curso superior, ou melhor dizendo, quanto maior a seca, tanto maior as atividades e conseqüências da maré salgada.

Na temporada da alta de 2004 entre abril e setembro, verificaram-se poucas precipitações no curso do rio das Pérolas e o volume da chuva vacilava entre 700 e 1000 milímetros na maioria das regiões. Segundo o relatório hidrológico emitido dia 17 de janeiro pelo Birô da Hidrologia da província do Guangdong, o registro de precipitações em todo o vale do rio das Pérolas foi zero na primeira dezena de janeiro, com exceção de chuviscos insignificantes em algunas zonas.

Este ano, a seca iniciada em 2002 entrou em seu quarto ano. Será que ela se prolongará para 2005? Especialistas não se declararam otimistas com a situação. Devido ao aumento demográfico, o aceleramento da urbanização e o desenvolvimento econômico na região do delta do rio das Pérolas, a necessidade para o abastecimento humano e industrial cresce diariamente, contrastando com a insuficiência dos recursos hídricos regionais. Além disso, a poluição em alguns trechos do rio e a distribuição dispersa e inadequada das fontes de água vem agravando as contradições entre a demanda e a oferta hídrica. Somando à situação, a elevação do nível do mar causado pelo aquecimento do clima em todo o mundo, o aumento da demanda das regiões no curso médio em desenvolvimento econômico acelerado, assim como a extração de areia e as operações de dessessoreamento no estuário do rio acentuaram a tendência do aumento das marés salgadas. Desde o outono do ano passado, quando o curso do rio das Pérolas passou a enfrentar uma seca ainda pior do que a do ano anterior, a maré salgada chegou à região do estuário com 15 dias de antecedência em comparação ao mesmo período do ano 2003. Segundo especialistas, se a seca continuar no vale do rio das Pérolas neste inverno e na próxima primavera, a maré salgada poderá avançar entre 10 e 15 quilômetros desde o estuário, atingindo o cotidiano de 15 milhões de pessoas.

Como solução da questão da maré salgada, especialistas enfatizam a necessidade de unificar o planejamento e distribuir os recursos hídricos de forma mais adequada.

Canalização de emergência de água ajuda combate a maré salgada

De acordo com o projeto de canalização de água em todo o curso do rio das Pérolas, a represa Yantan, na Região Autônoma da Nacionalidade Zhuang do Guangxi, também sobre o rio Xijiang, verterá 1.930 metros cúbicos por segundo entre os próximos 24 e 31 deste mês, enquanto que a represa de Feilaixia no curso superior do rio Beijiang, outro afluente do rio das Pérolas, o fará com uma velocidade mínima de 250 metros cúbicos por segundo, do dia 28 de janeiro ao dia 3 de fevereiro. Desta forma, cerca de 2.500 metros cúbicos por segundo serão vertidos nos principais afluentes do rio das Pérolas, a fim de deter a expansão da maré salgada até os cursos superiores entre os próximos 31 de janeiro e 4 de fevereiro. Com o projeto posto em prática às cidades na zona do delta do rio das Pérolas, como Macau, Zhuhai, Zhongshan, Guangzhou, entre outras, dará tempo a elas para armazenar a maior quantidade de água doce possível.

A seca no vale do rio das Pérolas, principalmente na província do Guangdong, na costa meridional da China, é a mais grave desde o outono passado, pelo que a água do mar refluiu neste rio e muitas cidades na zona estão sofrendo da escassez de água doce.

As previsões apontam que a maré salgada mais severa das últimas décadas ocorra durante a próxima primavera na região, o que piorará o abastecimento humano para mais de 15 milhões de habitantes do delta do rio das Pérolas, e as regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau.

Informa-se que o programa de canalização de água envolve três províncias tais como Guizhou, Guangxi e Guangdong, sete centrais ao longo do rios Xijiang e Beijiang, bem como duas centrais em construção e mobiliza no total 700 milhões de metros cúbicos de água num percurso de 1.336 quilômetros.