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(GMT+08:00) 2004-10-18 13:54:06    
Liang Sicheng e Beijing I

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Liang Sicheng nasceu numa família de alto nível social. Seu pai, Liang Qichao, foi um importante intelectual revolucionário. No entanto, com a complexa situação da política interna chinesa, não deseja ver seus filhos envolvidos com política. Por isso, Liang Sicheng, ainda um jovem aluno da Universidade de Tsing Hua, apesar de seu interesse, abandonou o caminho político.

Em 1920, Liang Sicheng conheceu Lin Huiyin, uma mulher que influenciaria toda a trajetória de sua vida. Durante as primeiras conversas do futuro casal, Lin Huiyin falava sobre arquitetura, um mundo completamente desconhecido para Liang Sicheng.

Influenciado por Lin Huiyin, ele decidiu escolher a arquitetura como sua especialidade.

Em 1924, Liang Sicheng e Lin Huiyin foram para a Universidade de Pensilvânia (EUA) estudar arquitetura e arte. De 1931 a 1945, os dois percorreram 15 províncias chinesas, realizando uma profunda pesquisa sobre antigas construções.

Hoje em dia, uma considerável parte das antigas construções visitadas por Liang Sicheng já foram destruídas por desastres naturais ou pela ação humana. São exatamente os seus desenhos que preservaram para sempre os panoramas arquitetônicos já extintos.

No entanto, Liang Sicheng não era uma pessoa que vivia somente nos seus próprios interesses artísticos. Pelo contrário, ele presta muita atenção à evolução social. Na década de 40, ele já tinha consciência de que as cidades da China estavam enfrentando a transição para a modernização.

Em 1946, Liu Xiaoshi, um jovem de 19 anos, foi admitido pela Faculdade de arquitetura, chefiada por Liang Sicheng.

Na entrevista, ele recordou:

Em 1945, às vésperas da vitória na 2ª Guerra Mundial, havia uma grande discussão sobre a urbanização no ciclo acadêmico internacional. Neste contexto, Liang Sicheng propôs o planejamento urbano, a criação dos estabelecimentos relevantes e a formação das pessoas especializadas nesta área.

O ano 1947 foi um ano brilhante para Liang Sicheng. Em fevereiro deste ano, ele foi recomendado para ser um dos consultores da sede da Organização das Nações Unidas(ONU), em Nova Iorque. O encontro e o intercâmbio entre os arquitetos de nível internacional lhe trouxeram tantas inspirações que o levaram a realizar uma série de reformas no ensino de arquitetura na Universidade.

Cheio de autoconfiança, Liang Sicheng tentou criar uma faculdade de arquitetura com padrões internacionais. Porém, fora de Beiping - antigo de Beijing -, a última rodada de negociações entre o Exército de Libertação do Povo Chinês e o Partido Nacionalista estava em curso.

Liu Zhu, a segunda esposa de Liang Sicheng, falou sobre este período:

Na altura, o Exército de Libertação já estava preparado para atacar a cidade de Beiping. Naquele momento crucial, dois militantes comunistas visitaram Liang Sicheng, lhe pedindo para marcar no mapa todos os pontos históricos da cidade. O pedido se justificava. No caso de recorrer à solução extrema, as forças comunistas os excluiriam dos ataques. Esta medida também influenciou Liang Sicheng, levando-o, de certa maneira, a simpatizar-se com o Partido.

A cidade de Beiping foi libertada pacificamente. Após a fundação da República Popular da China, Beiping voltou a ser denominada como Beijing e se tornou a capital do país.

Em 1949, sem cuidar da própria saúde, Liang Sicheng terminou o design do emblema nacional da nova China e foi nomeado como vice - diretor da Comissão de Planejamento Urbano de Beijing.

Na sala de documentação da Faculdade de Arquitetura, a segunda esposa de Liang Sicheng procurou o original sobre a instalação do centro do governo central do povo. No relatório de mais de dez páginas, Liang Sicheng expôs concretamente a sua concepção sobre o futuro planejamento de Beijing.

Liang defendia o centro político, cultural, mas não industrial, diferentemente dos especialistas da antiga União Soviética.

A outra divergência entre eles concentrou-se na escolha da sede do centro administrativo. Os especialistas soviéticos achavam que o melhor era construir o centro administrativo com base na cidade antiga de Beijing, tendo por centro a Praça de Tian An Men, enquanto Liang Sicheng sugeriu criar um novo centro no Oeste da Capital.

De acordo com Liu Xiaoshi, um dos estudantes de Liang Sicheng, a cidade de Beijing se divide em três partes:

Nós podemos ter uma parte antiga bem preservada. Além disso, poderíamos ter, ainda, uma zona administrativa e uma zona comercial relativamente completas.

A China de então, onde tudo ainda estava por se fazer, abandonar a parte antiga e criar mais uma nova área era inimaginável. Por isso, as sugestões de Liang Sicheng não foram aceitas.

O novo governo, emanado dos campos e diante de uma economia rural, não tinha recursos suficientes tanto para a construção da cidade quanto para sua administração. Portanto, não era possível para o governo criar uma zona administrativa a partir do nada. A crise financeira inviabilizava o projeto. Por outro lado, o governo também enfrentava graves problemas nas zonas antigas, como os amontoados de lixos e o desemprego. Para finalizar, na minha opinião, a decisão do governo tinha a ver com razões históricas.