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(GMT+08:00) 2004-08-20 17:11:58    
Grande Muralha

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A dinastia Ming empregou tijolos, blocos de pedras ou taipa de pilão em sua construção. Nos segmentos de Beijing, Hebei, Shanxi e Gansu, ela mede 8 metros por 4 metros de largura, em média. O muro exterior, com cerca de 2 metros de altura, está ponteado de janelas de vigia e troneiras. Além disso, possui plataformas sobressalentes em determinadas distâncias, a fim de atacar os inimigos que se aproximavam do muro. Havia ainda as almenaras construídas em dois andares. No geral, o andar superior se destinava à torre de vigia e o inferior servia de depósito de munições, alimentos ou alojamentos aos militares.

Cerca de mil fortalezas foram construídas ao longo da Grande Muralha durante a dinastia Ming, particularmente nas áreas estratégicas de comunicações, gargantas de montanhas e nas junções entre o mar e as montanhas. As mais famosas se encontram nos Passos Shanhai, Juyong e Jiayu. Pequenos fortes também foram construídos ao redor de gigantescos passos. Nos passos de segurança máxima, foram dispostas várias linhas de frente de defesa como, por exemplo, em Badaling, a mais importante linha de defesa do Passo Juyong.

As torres de almenara também foram construídas em toda sua extensão. Edificadas em determinadas distâncias, destinavam-se a transmitir informações militares através de sinais de fumaça durante o dia e com fogueiras à noite. Durante a dinastia Ming também foram sistematizados os códigos e normas de segurança. Segundo as quais, o sinal de alarme deveria ser emitido com uma salva de tiros de canhões e com um pilar de fumaça no caso dos invasores contarem com até 100 inimigos. Caso os atacantes empregassem mais de 500 homens, o alarme deveria ser soado com duas salvas de canhões e dois pilares de fumaça etc.

A Grande Muralha, portanto, era um complexo sistema de defesa militar que integrava passos, torres de vigia, fortalezas e almenaras. A idéia de que era uma simples barreira isolada é obsoleta. Também durante a dinastia Ming, adotou-se um sistema de defesa em seções que a dividiu em nove zonas militares e empregou uma guarnição com cerca de um milhão de efetivos.

Considerando a questão do apoio logístico, os governantes das diversas dinastias incentivavam a imigração e o desenvolvimento econômico. Ao mesmo tempo, as tropas empregadas em sua defesa dedicavam-se à produção agrícola. Desta forma, surgiram cidades e vilas nas antigas regiões desertas. Afinal de contas, os períodos de guerra eram temporários. Em tempos de paz, os portões dos passos costumavam ficar abertos e os campos de batalha se transformavam em feiras populares. Os comerciantes estrangeiros entravam com seus cavalos e rebanhos de ovelhas, trazendo couro. Quando saíam, levavam suprimentos, chá e tecidos que necessitavam. O intercâmbio comercial, tanto o informal quanto o oficial, influenciava a produção, a cultura e os hábitos e costumes populares, estreitando as relações entre os nômades e as regiões agrícolas.

Durante mais de dois milênios, a Grande Muralha atendeu à mesma necessidade estratégica: manter a guerra fora do país. Não se sabe com exatidão quantos homens participaram da sua construção. Entretanto, das pedras e tijolos desta gigantesca obra, se transmitia o mesmo clamor de gerações em gerações: a Paz.

Em 1987, a Grande Muralha foi tombada como patrimônio cultural mundial.