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(GMT+08:00) 2004-08-20 17:09:10    
Grande Muralha se destinava à sua defesa contra as minorias étnicas

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A maioria das dinastias chinesas foi liderada pela etnia Han. Muitos acreditam que a Grande Muralha também se destinava à sua defesa contra as minorias étnicas. Porém, os governantes de algumas minorias também construíram grandes trechos da Grande Muralha, especialmente após a conquista de regiões agrícolas. O objetivo era impedir as ações de outros grupos étnicos. Durante a dinastia Sul e Norte (420 a 589), os governantes de minorias étnicas também edificaram a Grande Muralha. Até as dinastias Song (960 a 1279), Liao do Norte (916 a 1125) e Jin (1115 a 1234), os governantes nunca negligenciavam os projetos de sua construção e a Grande Muralha, durante os Jin, aumentou mais de 4 mil quilômetros.

A Grande Muralha - consolidada, ampliada ou ainda abandonada em diversas dinastias ? sempre passou por mudanças. Por exemplo, a Grande Muralha na dinastia Ming situava-se a centenas de quilômetros ao sul da dos Qin em algumas regiões. Segundo especialistas, a extensão total da Grande Muralha, construída durante mais de dois mil anos, ultrapassou 5 mil quilômetros.

A Grande Muralha absorvia grandes investimentos financeiros, humanos e materiais. A concretização dos investimentos não era eterna. Mas, o que teria acontecido caso houvessem abandonado sua manutenção? Havia outra opção à sua construção? Estes questionamentos nunca foram saciados ao longo da história.

Muito embora haja uma gama de diferentes argumentos que a justifiquem em diferentes períodos, um deles foi constantemente utilizado. Ao se abrir o mapa da China, nota-se que sua extensão coincide com a linha que demarcava naturalmente as diferentes regiões agrícolas e pastoris durante a antiguidade. Alguns pesquisadores contemporâneos consideram que os ataques dos nômades no sul tinham a ver com as mudanças climáticas em quatro períodos frios na história. Durante os ataques irregulares, os nômades, hábeis cavaleiros e atiradores de flechas, fugiam quando perseguidos ou atacados. Quando cessava o perigo, retornavam. As tropas das guarnições militares, em número reduzido, não podiam enfrentar os freqüentes assaltos. No entanto, os custos de manutenção para concentração de maiores e mais poderosos efetivos militares ao longo da fronteira eram altos. Isto impunha, de fato, uma série de limites à mobilização e ao apoio logístico às tropas. Para os seus adeptos, a Grande Muralha impunha um alto preço aos inimigos ao exigir um tempo relativamente longo para que rompessem sua defesa. Isto daria o tempo necessário à corte para mobilizar e concentrar suas tropas.

Durante as dinastias Tang(618 a 907), Yuan(1279 a 1368) e Qing(1644 a 1911), a Grande Muralha foi quase relegada à tranqüilidade. Em 628, o imperador Taizong, da dinastia Tang, afirmou: "Acabo de terminar as operações militares no deserto, não irei sacrificar a população", quando alguns ministros sugeriram a construção da Grande Muralha. Nas dinastias Yuan e Qing, os nômades detinham o poder no país e controlavam eficazmente as vastas pradarias e desertos no norte, deixando de lado a construção da Grande Muralha.

A edificação da Grande Muralha utilizava as vantagens oferecidas pelos acidentes naturais. Fortalezas foram erguidas em pontos estratégicos e de difícil acesso desconsiderando as árduas e adversas condições de trabalho. Sua engenharia e suas instalações de defesa empregavam a tecnologia de ponta da época. O trecho construído durante a dinastia Ming é o maior exemplo disto. Os segmentos de Beijing e suas áreas adjacentes foram priorizados por constituírem a defesa da Capital. Séculos depois, tornaram-se grandes pólos de atração turísticos, especialmente os Badaling, Mutianyu e Simatai em Beijing, o Passo Shanhai e Jinshanling em Hebei, bem como o Passo Huangya em Tianjin.