China Radio International
(GMT+08:00) 2004-07-07 16:46:41    
Os elos de uma família com as Garças (1)

cri

Nos últimos anos, tornou-se famosa a pequena ilha de Wutou. Fica nos arredores da cidade de Dongxing, na Região Autônoma da Nacionalidade Zhuang de Guangxi, sul da China. Todos os dias, bandos de garças sobrevoam a ilha, um fenômeno único na região. Em abril de todos os anos, milhares de garças chegam à ilha para a procriação e saem com os filhotes crescidos. Pouco a pouco, o nome original Ilha de Wutou foi esquecido, dando lugar a outro nome. Devido ao fato de que os habitantes locais confundiram no início, as garças com os grous, a ilha ficou com o nome "Ilha dos Mil Grous." Neste programa, vou contar a história.

Antigamente, segundo os aldeãos mais idosos, só viam por acaso as garças passando pela ilha. Como é que a ilha tornou-se um paraíso para as garças?

Para contar a história, vamos voltar 40 anos.

Numa madrugada de tufão com céu cinzento e nuvens carregados, o pescador Chen Qijin estava mergulhado na tristeza com a morte da neta de 4 anos por doença. O Chen não conseguiu conciliar o sono várias noites e não parava de chorar, segurando nas mãos, um pingente de vidro, que a neta adorava, e ouvindo os uivos do tufão fora da casa.

De repente, percebeu uns trinares agudos e tristes de pássaro.

Saiu, procurou e encontrou na mata de casuarinas, ao lado da casa, um ninho com quatro filhotes de garça, dois já mortos e outros dois feridos debatiam-se. O casal de garças batia asas e tentava tirar os filhos do ramo a que estes estavam presos. O pescador aproximou-se da moita e queria dar sua ajuda. Mas, o casal de garças apavorado, voou alto. Sem dar tempo para o pescador entender melhor a situação, eles voltaram e sobrevoaram em torno da mata, parecendo pedir ao velho para não ferir os seus filhos. Contemplando as garças, o velho pescador pensou na neta e as lágrimas invadiram-lhe de novo os olhos, e falou: "Fiquem descansados. Não vou ferir seus filhos. Acabei de perder minha netinha?" Dito isso, pegou as garcinhas e levantou-as para o alto. Das mão do velho pescador, o casal de garça levou na boca, os filhos.

Daí, o velho Chen começou a observar as aves. A residência de Chen ficava num monte, Monte dos Chens. Tem pela frente as praias e as matas de casuarinas ao seu redor. No passeio, o velho Chen descobriu que as garças eram "pescadoras" e os casais viviam sempre juntos. Ele pensou: o animal tem também "sentimento humano". Que bom se eles ficassem por aqui?

Mais um dia de tempestade, Chen encontrou no mato, um par de garcinhas feridas, e levou-as para casa. Uma semana depois, as garças recuperaram-se e o velho mandou-as a voltar à Natureza. Mas o que surpreendeu o velho pescador Chen foi que no ano seguinte, reapareceu na aldeia o par de garças, trazendo ainda umas dez garças e instalou a "casa" nas tunas perto da casa de Chen Qijin.

Assim, ano após ano, mais e mais garças vieram instalar suas casas no Monte dos Chens. O velho pescador Chen começou então a plantar árvores nas tunas e em torno da casa. Posteriormente, o monte ganhou o nome "Monte das Garças".