A parceria sino-brasileira vem sendo sistematicamente incrementada não apenas na área comercial, mas também diante de organismos internacionais, como Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial do Comércio (OMC). "Tudo indica que há um diálogo crescente, com muita coincidência de interesses", diz Lytton Guimarães, coordenador do Núcleo de Estudos Asiáticos da Universidade de Brasília (UnB).
No caso das Nações Unidas, os dois países compartilham posições e pontos de vista numa série de questões internacionais, como o respeito à soberania de alguns países, o respeito internacional, a rejeição da imposição da força, a busca por soluções negociadas etc. O embaixador Fujita explica: "São posições que Brasil e China sempre defendem juntos". E Lytton Guimarães vai além: "Em organismos multilaterais, seus votos são coincidentes. O Brasil evita, por exemplo, votar contra a China em assuntos relacionados a direitos humanos".
Essa atuação conjunta trouxe benefícios, por exemplo, quando a China e o Brasil integraram e coordenaram juntos o G-20, grupo formado por Brasil, China, Índia e outros países em desenvolvimento. "O grupo ganhou um peso específico e as potências mais adiantadas foram obrigadas a ouvir as reivindicações desses países", conta Fujita, para quem essa união em torno de interesses comuns fortalece e dá projeção ainda maior às necessidades dos dois países. "Tanto China quanto Brasil já têm seu peso e um perfil próprio, mas quando se juntam, passam a ter um peso ainda maior", conclui.
Para Guimarães, os chineses são mais importantes para o Brasil, do que o oposto. "A China tem poder regional, força militar e maior influência", pondera. "Não há comparação. A China é membro fundador das Nações Unidas e membro permanente do Conselho de Segurança". Também faz parte da Organização Mundial do Comércio (OMC) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na avaliação do presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, a viagem do presidente Lula à China consolida a parceria estratégica. "A unificação européia e a emergência da China como potência econômica mundial estão transformando as alianças, a balança do poder. O presidente Lula está procurando um lugar para o Brasil nesta nova ordem mundial que se forma e a China, cada vez mais, representa uma parceria fundamental", completa.
Mylena Fiori e Fabiana Uchinaka
Repórteres da Agência Brasil
21/05/2004
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